Baixa autoestima x relacionamento amoroso: o que você precisa saber

Hoje quero conversar com você sobre um assunto que toca muitas de nós: a baixa autoestima dentro dos relacionamentos. É aquele sentimento de não se sentir suficiente, de viver se comparando, de duvidar do amor que recebe... E o que parece ser “só uma insegurança” pode, aos poucos, se transformar num fardo emocional que atinge não só você, como também quem te ama. O foco de hoje será sobre relacionamento amoroso, mas saiba que sua baixa autoestima pode afetar todo tipo de relação, seja ela pessoal ou profissional (mas esse será assunto para outro post!). Vamos entender mais sobre?



A forma como você se enxerga influencia diretamente a forma como você se relaciona. E por isso, nesse post, vou te mostrar:

  • Como a baixa autoestima afeta não só você, mas seu parceiro também
  • Quais são os sinais que seu (sua) parceiro (a) está sendo impactado com a sua baixa autoestima
  • Como parar de se comparar com outras pessoas
  • Como conversar sobre inseguranças sem criar clima ruim
  • Exercícios diários para fortalecer sua autoestima de dentro pra fora
  • Como ajudar seu (sua) parceiro (a), caso ele também passe por isso


Como a baixa autoestima pode afetar o relacionamento?

Existem muitas formas em que a autoestima pode afetar o relacionamento amoroso. Mas hoje quero compartilhar as mais comuns, que são:

1. Sensação de inferioridade: quando você não acredita no próprio valor, é comum pensar que está “abaixo” do (a) parceiro (a), como se ele (a) fosse bom demais pra você. Esse sentimento te faz entrar numa posição de comparação constante, medo de ser trocada (o), ciúmes exagerados e até um comportamento controlador, mesmo sem perceber. O medo de perder vira ansiedade. E a ansiedade vira cobrança, possessividade ou até afastamento. A relação perde leveza, e o (a) parceiro (a) pode começar a se sentir sufocado (a), injustamente cobrado (a) ou até confuso (a), porque está dando amor, mas você não consegue recebê-lo.

2. Ciúmes e hipervigilância emocional: a autoestima baixa te coloca em estado de alerta o tempo todo. Você interpreta gestos neutros como ameaças, e qualquer conversa com alguém do sexo oposto já vira um gatilho. Isso mina a confiança entre vocês e cria um clima de tensão invisível, como se o relacionamento fosse um campo minado emocional. 

3. Hipersensibilidade e mágoas acumuladas: com a autoestima em baixa, a gente começa a levar tudo pro lado pessoal. Uma brincadeira vira ofensa. Um comentário simples vira crítica. Um esquecimento do outro vira “ele (a) não me ama mais”. Essa sensibilidade excessiva te faz guardar mágoas, se isolar emocionalmente e, em muitos casos, acabar se afastando antes que o outro se afaste, por medo. Muitas vezes não foi o outro que se afastou... foi você que se desconectou de si mesma (o)... e com o tempo, esse muro emocional pode virar um abismo entre vocês.

4. Foco nas memórias negativas e autossabotagem: a mente de quem tá com autoestima fragilizada tem um filtro: ela foca só nas falhas, nos momentos ruins, nas vezes em que foi rejeitada. E tudo isso vira argumento interno do tipo: “Eu nunca fui suficiente” ou “Ele (a) vai perceber que pode ter alguém melhor” ou “Ninguém me ama de verdade”. Você revive memórias tristes como se estivesse se punindo. E isso bloqueia sua capacidade de enxergar o que há de bom, tanto em você, quanto na pessoa e quanto na relação.


Quais são os sinais que meu (minha) parceiro (a) está sendo impactado com minha baixa autoestima?

1. Ele(a) parece estar sempre se justificando ou explicando excessivamente: quando você demonstra constantemente insegurança ou desconfiança, o outro começa a antecipar possíveis cobranças ou mal-entendidos. 

2. Ele(a) demonstra cansaço emocional: parceiros afetados por um excesso de inseguranças começam a se sentir esgotados emocionalmente, mesmo amando muito. Ele (a) parece mais calado (a), desanimado (a) ou distante? Já ouviu frases como “nada do que eu faço é suficiente” ou “tudo vira problema”? Isso pode indicar que o relacionamento tá pesando mais do que nutrindo.

3. Ele(a) evita conversas profundas ou delicadas: se ele (a) sente que qualquer fala pode ser mal interpretada ou causar mágoa, começa a se fechar. E essa evitação gera um ciclo: você sente o afastamento, interpreta como desinteresse → sua autoestima cai mais ainda → e ele (a) se fecha mais.

4. Ele(a) começa a “pisar em ovos” perto de você: tem medo de brincar, comentar algo, ou até de fazer elogios, porque nunca sabe como você vai reagir. Ou ele (a) deixa de fazer planos por achar que você vai se sentir insegura (o), com ciúmes ou inferior. Isso limita a naturalidade da relação e, aos poucos, o (a) parceiro (a) sente que precisa esconder partes dele (a) mesmo (a) pra evitar conflitos.

5. Ele(a) começa a se sentir culpado mesmo sem ter feito nada errado: se você está sempre questionando, cobrando carinho, pedindo confirmação do amor, ele (a) pode começar a carregar a culpa por algo que nem existe. E isso mina a autoestima dele (a) também. Ele (a) começa a pensar: “Será que eu sou ruim de relacionamento?” ou “Será que não sei amar direito?”. Ou seja: a sua dor começa a virar dor nele também.

6. Ele(a) diz que sente que não pode te ajudar: é comum ouvir frases como: “Não sei mais como te ajudar”, “Você sempre pensa o pior”, “Parece que você não acredita em mim, mesmo eu provando”... Isso é um sinal claro de impotência emocional. O (a) parceiro (a) começa a sentir que não consegue te alcançar, por mais que ame.

7. Ele(a) se retrai ou se afasta e não é por desamor: muitas vezes, o afastamento emocional (ou físico) do (a) parceiro (a) não é porque ele não te ama mais, mas sim porque ele está se protegendo de um ambiente que se tornou pesado, tenso e cheio de cobranças invisíveis.


Como parar de se comparar com outras pessoas?

A comparação é um dos maiores ladrões da autoestima. Você vê a (o) ex dele nas redes sociais, alguém bonita (o) na rua, uma (um) amiga (o) que parece mais segura (o)... e, num piscar de olhos, se encolhe por dentro. Mas deixa eu te contar um segredo: você nunca vai ganhar o jogo da comparação porque ele é injusto desde o começo. Ao se comparar, você deixa de enxergar sua própria beleza, seu valor e seu brilho único. Mas... como sair desse ciclo?

  • Quando se pegar comparando, respire fundo e se pergunte: “O que isso está me mostrando sobre mim?” Às vezes, o incômodo com a outra pessoa diz mais sobre uma parte sua que tá precisando de atenção. 
  • Troque comparação por inspiração: “o que admiro nela (nele) que eu posso cultivar em mim também, sem me anular ou querer ser igual?" 
  • Evite procurar, seguir ou acompanhar sobre a vida de pessoas que te geram esse sentimento de comparação e que não vão agregar em nada. Pare de stalkear a vida alheia e viva a sua vida.
  • Não fique perguntando detalhes de seus outros relacionamentos. Saber algumas coisas é importante, mas não precisa saber de tudo, entende? Isso só vai te gerar mais inseguranças e o pior: ciúmes retroativo. Não é sadio. Hoje ele (a) está com você e isso é o que importa agora.


Como conversar sobre inseguranças sem criar clima ruim?

Abrir o coração pode dar medo, principalmente se você acha que vai parecer “carente” ou “dramática (o)”. Mas a verdade é: quando você guarda, isso cresce. Quando você compartilha com maturidade, isso se dissolve. Só que existe uma forma de comunicar suas inseguranças sem transformar a conversa em um interrogatório ou cobrança.  

1. Fale de você, não do outro: em vez de: “Você nunca me elogia mais!”, diga: “Eu tenho me sentido insegura (o) e sinto falta de ouvir coisas boas às vezes.” Focar no que você sentiu, no problema, é muito mais assertivo do que falar sobre o outro, apontando o dedo. Quando você aponta o dedo faz a outra pessoa ficar na defensiva, afinal, você está atacando.

2. Use o momento certo: não traga assuntos sensíveis no meio de uma discussão ou quando ele (a) estiver claramente cansado (a) ou estressado (a). Muito menos em ambientes com outras pessoas. Espere um momento leve, tranquilo, a sós.

3. Mostre que você está trabalhando isso: dizer algo como “Eu sei que isso é meu, e tô tentando melhorar” mostra maturidade e convida o outro a apoiar e te ajudar de verdade. Inseguranças compartilhadas com responsabilidade viram pontes e não muros!


Quais são os exercícios diários para fortalecer o amor-próprio e autoestima?

A autoestima é cultivada todos os dias, nos detalhes. Existem muitos exercícios e dicas que podem te ajudar, mas hoje vou compartilhar só exercícios simples, mas poderosos, que você pode começar agora mesmo e que em pouco tempo já te darão um bom resultado e a médio prazo fortalecerão (e muito) sua autoestima.

1. Afirmações conscientes ao acordar: logo ao acordar, diga pelo menos 3 frases pra si mesma (o) no espelho. Pode ser algo como: “Eu sou suficiente.”; “Eu me respeito e me amo.”; “Eu sou digna (o) de um amor leve, inclusive o meu.” No início isso vai parecer forçado, mas com o tempo será natural. Se puder afirmar coisas boas até mais de uma vez ao dia, melhor ainda.

2. Diário da autovalidação: no fim do dia, anote: 

  • 1 coisa que você fez bem
  • 1 coisa que gostou em si mesma (o)
  • 1 atitude sua que te deu orgulho

Isso treina seu olhar pra ver suas próprias forças e não só seus defeitos ou falhas. 

3. Desafio da não comparação: por 7 dias, toda vez que se pegar se comparando com outra mulher, substitua por um elogio a si mesma (o). Exemplo: “Ela é linda → e eu também tenho beleza, principalmente quando sorrio.” Siga esse desafio não só nos 7 dias, mas depois em diante.

4. Contato com a sua versão ideal: imagine como seria sua versão mais confiante, segura, leve. Escreva como ela se veste, pensa, fala, se comporta em um relacionamento. O chat GPT pode até te ajudar a idealizar essa sua melhor versão. Todos os dias, dê um pequeno passo pra se aproximar dela. Diante de cada situação, mesmo as menores, mas principalmente as mais difíceis, pense: "Como minha melhor versão agiria agora?" e faça o que essa sua melhor versão faria. Não tem outro jeito de se tornar ela, se não praticando, desde já.


Como ajudar seu (sua) parceiro (a), caso ele também passe por isso?

1. Acolha, mas não tente resolver tudo por ele(a): é natural querer “salvar” quem amamos, mas o processo de autoestima é interno e individual. O que você pode fazer é estar presente, mostrar que ele (a) é valorizado (a).

2. Evite minimizar a dor dele(a): frases como- “Você tem tudo, não tem motivo pra se sentir assim”; “Para com isso, olha quanta coisa boa você tem!”… podem parecer motivadoras, mas na verdade invalida o sentimento do outro. Em vez disso, valide: “Eu entendo que você esteja se sentindo assim. Deve ser difícil carregar isso.” Isso cria confiança emocional e abre espaço pro diálogo real.

3. Reforce os pontos fortes dele(a): pessoas com baixa autoestima tendem a esquecer suas qualidades ou achar que “não fazem nada direito”.  Então, quando você perceber um gesto bonito, uma força, uma superação, algo em sua aparência, elogie de forma sincera e específica.

4. Incentive a comunicação aberta (sem pressão): nem todo mundo sabe expressar inseguranças, principalmente homens, que muitas vezes foram ensinados a esconder vulnerabilidades. Mas você pode abrir o espaço com leveza. Frases como: “Se quiser me contar o que tá sentindo, tô aqui.” ou “Tudo bem se você não tiver palavras agora. Mas quando quiser falar, eu quero ouvir.”. Essa postura transmite segurança emocional.

5. Cuide da sua própria autoestima: como você já sabe, relacionamento é troca. E quando os dois estão frágeis, a tendência é um esperar do outro aquilo que nenhum dos dois tem no momento. Se você se fortalece, você se torna uma base firme. Não pra carregar ele (a) nas costas, mas pra mostrar pelo exemplo que é possível se reerguer.


Relacionamentos saudáveis não exigem versões editadas de nós mesmas. Eles pedem presença, verdade e amor-próprio. Quanto mais você se fortalece, mais você permite que o amor aconteça de forma leve e segura.

Com todo carinho do mundo, Rafa. ♥

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